A recente troca de farpas públicas entre o ex-presidente Donald Trump e o empresário Elon Musk levou a NASA e o Departamento de Defesa dos EUA a se mobilizarem para reduzir a dependência da SpaceX em missões espaciais e de segurança nacional. Após Trump ameaçar cancelar contratos com a empresa e Musk responder dizendo que poderia suspender o uso da cápsula Dragon — principal veículo dos EUA para levar astronautas à Estação Espacial Internacional (ISS) —, autoridades reagiram com preocupação diante da possibilidade real de interrupção nos serviços.
Fontes ouvidas por veículos norte-americanos, sob anonimato, afirmaram que o ime causou alarme tanto na NASA quanto no Pentágono. Um funcionário da NASA disse que, inicialmente, a disputa parecia "entretenimento", mas a ameaça de Musk "tornou tudo aterrorizante". No Pentágono, um oficial declarou: “Percebemos que isso não é um programa de TV. É um problema real.” A dependência do governo norte-americano da SpaceX cresceu nos últimos anos, especialmente após o avanço lento de concorrentes no setor aeroespacial.
A controvérsia reacendeu discussões sobre o monopólio da SpaceX em serviços cruciais. A empresa é responsável por transportar astronautas e cargas à ISS, lançar satélites para o governo e desenvolver tecnologias para agências de inteligência. Desde o episódio nas redes sociais, empresas como Rocket Lab, Stoke Space e Blue Origin foram contatadas por autoridades para verificar o estágio de seus projetos. A Sierra Space, por exemplo, afirmou estar pronta para apoiar a ISS com sua espaçonave Dream Chaser, atualmente em fase final de testes no Kennedy Space Center.
O episódio também despertou interesse do Congresso, que pediu informações sobre a cápsula Starliner, da Boeing, vista como alternativa à Dragon. O veículo ainda enfrenta problemas técnicos e, segundo comunicado da NASA, um novo voo tripulado está previsto apenas para o início de 2026, dependendo da certificação final. Um ex-funcionário da NASA disse que o comportamento impulsivo de Musk “cruzou uma linha” e destacou que a agência enfrenta “preocupação profunda” com sua dependência da SpaceX.
Analistas de defesa também alertam para os riscos de concentrar capacidades estratégicas nas mãos de uma única empresa. Todd Harrison, do American Enterprise Institute, comparou a ameaça de Musk a um “embargo à estação espacial” e relembrou sua recusa, em 2022, de ativar o sistema Starlink para auxiliar a Ucrânia. Ele afirmou que a ideia de que “as defesas dos EUA possam ficar reféns dos impulsos de Elon Musk” causa inquietação. Garrett Reisman, ex-astronauta e ex-funcionário da SpaceX, disse: “Quando seus sonhos dependem disso, não tem como não se preocupar.”
Embora especialistas apontem que, legalmente, seria difícil tanto para o governo quanto para a SpaceX cancelar os contratos sem consequências severas, o episódio expôs uma vulnerabilidade crítica na política espacial dos EUA. O Pentágono tenta ampliar a base industrial para garantir concorrência e reduzir riscos, mas concorrentes como Blue Origin e United Launch Alliance ainda estão longe da regularidade da SpaceX. Procurada pela imprensa norte-americana, a empresa de Elon Musk não respondeu.
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