(FOLHAPRESS) - Wanessa Camargo, 42, não tem mais medo de dizer o que pensa nem de viver o que tem vontade. Esse foi um ganho que veio com a maturidade -algo que ela agora percebe em si ao rever a própria trajetória por ocasião dos 25 anos de carreira, que ela completa neste ano.
Segundo a cantora, a fama já a fez "tomar muito na cabeça", sobretudo pelos fatos de ter começado cedo e ser filha de Zezé Di Camargo, um dos artistas mais conhecidos do país. "Queria aproveitar meus 18 anos, me descobrir, me apaixonar, quebrar a cara, tomar porre", diz ela, ao relembrar a época em que tudo o que fazia já virava notícia.
Mais experiente, ela diz agora entender melhor que mesmo os erros a levaram ao lugar que ocupa no imaginário pop do país. Sobre os inevitáveis equívocos, aliás, ela conta que, hoje, prefere não ficar ruminando. Assim como se importa cada vez menos com o que os outros pensam dela. "Não faço pesquisa do meu nome no Google para ver o que falam de mim", afirma.
"Se sai fofoca séria, a gente age; do contrário, eu dou risada e não dou atenção porque assim não tem como sobreviver nesse meio", emenda a artista, que lançará até outubro hits em versão MTG, montagens que usam trechos originais mesclados com batidas eletrônicas e minimalistas.
Em entrevista à reportagem, a cantora fala sobre a comemoração de um quarto de século na música, rea sua trajetória e conta seus planos para um futuro próximo. Leia abaixo.
*
PERGUNTA - O que pensa sobre os seus 25 anos de carreira, celebrados neste ano?
WANESSA CAMARGO - São muitas emoções. Mas é engraçado, pois a um filme na cabeça, parece que foi ontem que começou. Tenho muita gratidão por tudo. Quanto eu era uma menina, era ainda crua e tão insegura, até deslumbrada com tudo aquilo, como se fosse um conto de fadas. Meu trabalho foi sendo construído com muita dedicação. Tudo o que sei fui aprendendo na prática, sem faculdade, mesmo eu tendo um baita professor em casa [Zezé Di Camargo, pai e cantor]. Levo um legado de que marquei uma geração com músicas que o tempo mostra que duram.
P - Consegue eleger um top 5 de principais momentos da sua trajetória?
WC - Obviamente, o primeiro ano foi muito forte para mim, uma virada de chave, com uma música ["O Amor Não Deixa"] que deu certo e virou hino. Outro momento foi apresentar o Jovens Tardes (Globo, 2002-2004). A parceria com o Ja Rule [na música "Fly"] foi uma virada de mercado. Outro marco foi um show na Praia Grande (SP) que tinha mais de 200 mil pessoas. E meu álbum "Livre" (2023), lançado num momento com questão pessoal complicada, foi um ânimo para mim.
P - Agora você vai lançar releituras de alguns dos seus maiores hits ao estilo MTG. Como vai ser?
WC - Esse projeto é uma obra aberta e está virando um álbum que será lançado no fim de junho. É o pontapé inicial para virar uma turnê. A celebração oficial dos 25 anos de carreira é só no dia 11 de outubro, mas a intenção é que até lá eu solte aperitivos aos fãs, trazendo uma nostalgia do que já cantei de outras formas. Isso serve para também abrir caminho para as novas gerações. Quero me reinventar.
P - Você convive com a fama desde a adolescência. Como é isso?
WC - Acho que tomei muito na cabeça porque nunca abri mão de viver a vida. Amigas, festas... Isso me causou algumas coisas, pois essa vivência adolescente com uma carreira pública me trouxe capas de revista, polêmicas, fofocas. Queria aproveitar meus 18 anos, me descobrir, me apaixonar, quebrar a cara, tomar porre.
P - As fofocas e especulações sobre sua vida pessoal te incomodam?
WC - O que eu vejo de fofoca aparece sem querer, não faço pesquisa do meu nome no Google para ver o que falam de mim. Claro que, quando o negócio esquenta, eu e minha assessoria tomamos uma decisão. No início você tem vontade de responder a tudo, mas depois percebe que a verdade está aí e não adianta falar, pois alguém sempre vai querer desmerecer.
P - Alguma coisa que lembre que falaram de você e não era verdade?
WC - Até hoje acham que eu canto só por influência do meu pai, mas muitas pessoas não estão disponíveis para se informar, mudar de opinião. Então, se sai fofoca séria, a gente age; do contrário, eu dou risada e não dou atenção porque assim não tem como sobreviver nesse meio. O mundo virtual é barulhento, mas não corresponde à realidade.
P - Tem algo de que se arrependa nesses 25 anos?
WC - Eu sou de capricórnio, ou seja, extremamente crítica comigo mesma. Então, tomo cuidado, pois se eu voltar em algo que errei, isso me maltrata, fico remoendo e me culpando. Óbvio que já cometi erros e cometo todos os dias, se pudesse eu mudaria um monte de coisas, mas é inútil ruminar os erros. Tal dor que me levou a tal lugar, são parte do processo.
P - Isso se aplica para o BBB 24, de onde foi expulsa?
WC - O Big Brother foi válido, aprendi muito e saí mais forte e corajosa. O que vivi lá não volta, e as questões que rolaram no reality eu deixo pra lá. Tudo foi para o meu melhor. A saudade dos filhos era intensa, nunca tinha ficado um dia sem falar com eles ao telefone. Daqui a uns 20 anos, se tiver um reality sênior, eu aceito, quem sabe.
P - Você está solteira. É possível cantar sobre o amor sem amar alguém?
WC - Nem sempre você vive o que quer falar. O processo de composição é contínuo. Às vezes você vai estar feliz, o álbum vai ficar solar, mas é legal ter um sofrimento e colocar isso na música. Hoje eu busco isso. Há canções que ainda não gravei e que, na ocasião, eu estava em dor, mas saíram do meu coração. Já gravei coisas que não tinham nada a ver com meu momento, era o que estava bombando na hora e isso considero um erro. Seja na alegria, na dor ou no trauma, a música precisa me arrepiar e falar comigo.
P - Quais seus planos e desejos para os próximos anos?
WC - Quero colocar essa turnê em pé, rodar o Brasil. Já estou pensando no álbum posterior, de inéditas. Mas esse ano quero celebrar minha discografia. Tenho vontade de fazer algum projeto em TV, atuar em teatro, sou apaixonada por musicais. Há umas coisas nesse sentido meio engatilhadas.
Leia Também: Ex-rainha do Salgueiro, Carol Castro critica Grande Rio por colocar Virginia no cargo