O ministro da Agricultura do Japão, Taku Eto, renunciou nesta terça-feira (21) após ser duramente criticado por declarar que não compra arroz porque recebe o alimento de apoiadores — declaração considerada insensível em meio à disparada no preço do cereal no país.
A saída de Eto representa mais um desgaste para o primeiro-ministro Shigeru Ishiba, cuja aprovação segue em queda às vésperas das eleições legislativas deste verão. Para o lugar de Eto, Ishiba nomeou o ex-ministro do Meio Ambiente, Shinjiro Koizumi.
O episódio teve início no último domingo, quando, em um discurso na cidade de Saga, no sudoeste japonês, Eto afirmou: “Nunca compro arroz, recebo muito dos meus apoiadores. Tenho tanto na minha despensa que poderia vender”.
A fala gerou indignação popular e pressão política. Durante sessão na Comissão de Orçamento do Parlamento, Eto tentou se retratar: disse que o comentário foi “um erro” e revelou ter comprado arroz no supermercado dias antes. Ainda assim, a oposição ameaçou apresentar uma moção de censura caso ele não deixasse o cargo.
“Fiz um comentário extremamente inapropriado em um momento em que os consumidores enfrentam dificuldades para comprar arroz”, declarou o agora ex-ministro a jornalistas. “Achei que não seria adequado continuar no cargo justamente quando o governo precisa lidar com os desafios do preço do arroz.”
O arroz, alimento essencial na dieta japonesa, teve um aumento de preço de até 90% em 2024. A alta é atribuída à combinação do crescimento do turismo, aumento da demanda em restaurantes e compras motivadas por medo, após o governo alertar sobre a possibilidade de um grande terremoto.
Como resposta emergencial, o governo japonês liberou toneladas das reservas nacionais de arroz em março, medida inédita desde a criação do sistema, em 1995. Atualmente, cerca de 200 mil toneladas são estocadas anualmente para garantir o abastecimento em casos de crise.
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