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Dólar e Bolsa recuam com negociações comerciais e dados dos EUA em foco

Pela manhã a moeda norte-americana recuava 0,70%, cotada a R$ 5,604

Dólar e Bolsa recuam com negociações comerciais e dados dos EUA em foco

© iStock

Folhapress
05/06/2025 17:45 ‧ há 1 dia por Folhapress

Economia

Moedas

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O dólar e a Bolsa estão em queda nesta quinta-feira (5), com os investidores atentos às negociações comerciais entre Estados Unidos e China, além de dados sobre a maior economia do mundo.

 

Às 11h13, a moeda norte-americana tinha perdas de 0,70%, cotada a R$ 5,604. Já a Bolsa perdia 0,26%, a 136.636 pontos.

Os presidentes Donald Trump e Xi Jinping tiveram uma conversa por ligação nesta quinta-feira, de acordo com o Ministério das Relações Exteriores da China.

O telefonema é o primeiro contato formal entre os líderes desde que Trump assumiu o cargo, a menos do que se tem conhecimento. Até então, a última conversa entre os dois havia ocorrido em janeiro, antes do retorno do republicano à Casa Branca.

A ligação partiu de Trump, segundo a agência estatal chinesa Xinhua, e não há mais detalhes por ora sobre o que foi conversado.

A relação entre as duas maiores economias do mundo tem se deteriorado nas últimas semanas, com ambos os lados se acusando de violar o acordo comercial estabelecido em maio. Com o novo conflito ameaçando o entendimento, analistas de mercado estão esperançosos de que a conversa entre os presidentes abra caminhos para uma nova trégua.

Um ponto crítico da discussão emergiu nos últimos dias: terras raras. Os EUA acusaram a China de voltar atrás na promessa de relaxar os controles de exportação sobre metais necessários para a eletrônica de ponta. Além disso, Pequim tem se frustrado com as novas restrições americanas sobre a venda de software de design de chips e planos para começar a revogar vistos para estudantes chineses.

Trump há muito tempo afirma que conversas diretas com Xi eram a única maneira de resolver as diferenças entre as nações, mas o líder chinês estava relutante em aceitar o contato, preferindo que assessores negociassem questões-chave.

A notícia trouxe alívio e apetite por risco aos mercados. Os futuros de ações dos EUA saltaram para a máxima da sessão, e o índice DXY, que mede a força do dólar em relação a uma cesta de seis moedas fortes, aprofundou a queda para 0,46%, a 98,37 pontos.

A fraqueza global da moeda também tem como pano de fundo a percepção de que a economia norte-americana já está sendo baqueada pela política comercial errática de Trump.

Dados econômicos de maio estão apresentando resultados mais baixos do que o esperado: o relatório ADP, por exemplo, que mede a criação de vagas no setor privado, indiciou que 37 mil postos de trabalho foram abertos no mês ado, bem abaixo da projeção de 110 mil de pesquisa da Reuters. Nesta quinta, o governo norte-americano informou que os pedidos semanais de auxílio-desemprego subiram para 247 mil na última semana, acima dos 235 mil projetados.

Ainda, o déficit comercial dos EUA ficou em US$ 61,6 bilhões em abril -melhor do que o esperado-, quando Trump anunciou as tarifas do "dia da libertação" e pausou a aplicação delas em 90 dias para negociações, mantendo uma taxa mínima de 10% sobre todas as importações para os EUA.

O foco está voltado para a divulgação do "payroll" (folha de pagamento, em inglês) na sexta-feira. O relatório traz uma leitura mais abrangente do estado do mercado de trabalho do país e baliza as decisões de política monetária do Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA).

"Os dados estão fortalecendo a tese de que a economia dos EUA está desacelerando mais rapidamente por conta dos impactos negativos do choque tarifário e das idas e vindas do presidente. As incertezas elevadas e a imprevisibilidade das políticas econômicas também estão prejudicando a economia do país, fazendo com que investidores diminuam a exposição a ativos norte-americanos e diversifiquem suas carteiras", diz Leonel Mattos, analista de inteligência de mercado da StoneX.

Também na cena internacional, investidores repercutem a decisão de juros do BCE (Banco Central Europeu), que cortou a taxa básica mais uma vez, agora a 2% ao ano.

A autoridade europeia "sinalizou que está bem posicionada para navegar o período de incerteza econômica, dando a entender que não vai fazer novos cortes de juros tão cedo", diz Mattos, "o que está ajudando o euro".

Já no ambiente doméstico, o foco segue voltado ao fiscal. A equipe econômica do governo busca soluções para o ime do aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras).

O ministro Fernando Haddad (Fazenda) afirmou, na véspera, que medidas fiscais estruturais em discussão pelo governo não serão anunciadas antes de uma reunião com lideranças partidárias do Congresso Nacional, prevista para domingo.

Para Matheus Spiess, analista da Empiricus Research, a sinalização foi importante para os investidores locais.

"O governo parece bastante determinado a buscar uma alternativa para o IOF como solução para a crise atual. Mesmo quando questionado sobre medidas mais duras, o presidente Lula não negou a possibilidade de negociar com as lideranças".

Por outro lado, pesquisas recentes têm indicado queda na popularidade do presidente. De acordo com o levantamento Genial/Quaest, a avaliação negativa do governo é de 43%, e a positiva, de 26%. Consideram a gestão regular 28%, e 3% não sabem ou não responderam.

Com o novo ciclo eleitoral em vista, o mercado teme que o governo possa apostar em medidas de impulso fiscal para melhorar a imagem do presidente.
"A queda na aprovação cria um pequeno temor no mercado de que isso possa ser acompanhado com medidas que aumentam os gastos", disse Matheus Massote, especialista em câmbio da One Investimentos. "Mas hoje o dia tende a ser mais tranquilo."

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